“A Caminho” com a Ana.

A Ana é uma peregrina experiente, com vários Caminhos na sua vida. Por isso, contou-nos as suas aventuras pela rota milenar e como as pessoas que aqui se conhecem ficam para sempre. Lê esta entrevista até ao fim para descobrires mais sobre a magia do percurso!

  1. Por que fizeste o caminho de Santiago? 

Por vários motivos: primeiro a curiosidade de perceber o porquê de toda a gente dizer que não se explica, sente-se. Depois por motivos religiosos e, por último, para realização pessoal. 

  1. Quantos dias demoraste? 

Depende, já fiz vários, vou falar daquele em que saí de casa. Demorei 8 dias. 

  1. Que etapas fizeste? 

Braga-Ponte de Lima / Ponte de Lima-Valença/Valença-Porrino/Porrino-Redondela/ Redondela-Pontevedra/Pontevedra- Caldas de Reis/Caldas de Reis-Padron/Padron-Santiago de Compostela

  1. Qual foi a melhor refeição do caminho? 

Sempre o meu lanche a meio da manhã, Tortilla e uma Estrella Galicia. 

  1. Como te preparaste fisicamente para o caminho? 

Não me preparei. 

  1. O que te deixou mais surpreendida no trajeto? 

A Paz, a tranquilidade e, sem dúvida,a partilha. Ri, chorei, dancei, cantei. Cresci muito. 

  1. Qual foi o momento mais difícil? 

Subir a serra da Labruja foi um momento duro. Mas o mais difícil é quando deixas Santiago, um misto de emoções tipo “ já acabou” , “não, não acabou está apenas a começar”. 

  1. Quem é que conheceste no caminho que nunca vais esquecer? 

Várias pessoas me marcaram umas de uma maneira outras de outra, mas as que guardo com muito carinho : Lourdes Fustel de Castilla-La-Mancha, Sara Silva – Seixal. 

  1. Podes falar-nos mais delas?

Bem, a Lourdes foi daquelas pessoas que parecia que fazia parte da minha vida desde sempre. Sentámo-nos na mesma mesa para almoçar e a partir daí a Lourdes foi a minha companheira de Caminho. Era a minha parceira de brincadeiras, caminhámos as últimas 4 etapas juntas, sendo que na última ela ficou para trás chegando a Santiago algumas horas depois de mim. Mas com uma alegria contagiante entrou na Praça do Obradoiro aos gritos por mim: “Pelegrina, Pelegrina”, que é como me trata carinhosamente. Aí, demos um abraço tão forte e tão sentido que ficará para sempre. A Lourdes já é da família e, em Outubro de 2022, fizemos juntas a peregrinação a Fátima pela Rota Carmelita.

Agora a Sara.  A Sara encontrei-a num albergue, mal falámos. Até que mais tarde voltámos a cruzar-nos em Pontevedra e, conversa puxa conversa, acabámos por trocar números de telefone e seguimos rumos diferentes. Ela pela variante Espiritual e eu pelo Caminho Central : caso para dizer, “Bom Caminho”.

No dia em que chego a Santiago, a Sara liga-me e está a chorar e muito desiludida, pois achava que não ia conseguir porque estava exausta e doía-lhe tudo, não tinha forças. Apenas respondi-lhe: “Desistir está fora de questão, falta muito pouco, e eu não saio de Santiago sem tu cá chegares. Vou estar cá à tua espera para te receber de braços abertos”. 

E a Sara chegou e a amizade ficou e quando podemos vamos-nos visitando.

  1. O que não pode faltar na mala de um peregrino? 

Fé, a Concha e a Credencial. 

  1. Se só pudesses dar uma dica às pessoas que estão a pensar fazer o caminho, qual seria? 

Não pensem e não programem muito. O Caminho é feito de surpresas e magia, apenas vão e desfrutem.

  1. Qual foi a tua reação quando chegaste a Santiago? 

Chorei, chorei, chorei de alegria. É um misto de emoções indescritível. Concretização de um sonho. E sim, aí percebi o porquê do “Não se explica , sente-se.”

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