O Caminho Português de Santiago é muito mais do que as cidades erigidas há milénios que atravessamos, as montanhas mágicas que subimos ou as dores suportadas por todos os peregrinos. Na realidade, este é um percurso feito pelas pessoas. Por isso, este artigo é sobre elas. Vais encontrar lendas, hospitaleiros e caminheiros de alma cheia. Continua a ler, para conheceres 5 inspiradoras personalidades que só encontras no trajeto milenar.
As 5 personalidades mais interessantes do Caminho Português de Santiago são (ou foram) pessoas de carne e osso. Apesar de cada uma ser diferente à sua maneira, as suas histórias têm sempre algo em comum: o trilho milenar. Desta forma, para homenagearmos estes seres humanos, escrevemos um pouco sobre eles, o que significam para nós e onde os podes encontrar.
Barbosa, do café do Barbosa.
Quem sai de Vairão, tem de passar pela sua esplanada. Impossível de perder de vista, apesar de pequena, parece albergar toda a comunidade de peregrinos que por aqui passa. A energia contagiante, muitas vezes auxiliada por pessoas a cantar e a tocar músicas de todo o mundo, obriga-nos a parar para experienciar.
Contudo, a verdadeira magia acontece, quando conhecemos o Barbosa, proprietário do café com o mesmo nome. Com uma simpatia e admiração pelos caminheiros, faz-nos sentir em casa, no primeiro momento.
Um dedo de conversa com este senhor é ganhar mundo. Desde o festival de arte que criou em Vila do Conde às muitas aventuras por todo o mundo, temos, em figura humana, a representação do Caminho de Santiago.
Não deixem de o visitar e digam que vieram da parte do Caminho Português de Santiago.
Dom Pepe.
Temos a sorte de a nossa travessia passar por Padrón, porque, assim, podemos conhecer o Dom Pepe. Este é um porto de abrigo para os caminheiros de todo o mundo. Tanto que as paredes estão forradas de prendas e de cachecóis que os peregrinos oferecem à casa.
Mas, como em todos os estabelecimentos, a decoração é apenas uma forma de mostrar a natureza de quem o gere. Neste caso, é o Pepe. Daquelas pessoas que, logo à primeira vista, nos desarma com a sua bondade, com um entusiasmante cumprimento.
Podes agradecer a sua simpatia ao escrever num dos seus cadernos que já estão cheios de assinaturas de pessoas que percorrem o caminho, como tu. Segundo o próprio, ir a Padrón e não o conhecer é como viajar até ao Vaticano e não ver o Papa. Por isso, já sabes, na tua última etapa, aproveita para fazer um amigo para a vida.
Carlos Rios.
Ainda não tivemos a oportunidade de o conhecer pessoalmente, mas quem já passou algum tempo no nosso grupo de Facebook sabe quem é à primeira vista. A sua figura assemelha-se à ideia que todos temos de um peregrino. E como razão, já que percorre o Caminho de Santiago, há 30 anos, tendo, até, ido até à cidade do Vaticano e voltado.
Não só é um conhecedor do nosso trilho favorito, como também alguém que o protege todos os dias. Sendo já uma das personalidades mais conhecidas do Caminho Português de Santiago, participou num artigo sobre o mesmo.
Aqui, revelou que, para fazer o Caminho, não o podemos ver como uma simples viagem ou diversão. É preciso respeitar os vários percursos que estão a ser palmilhados por cada peregrino que se aventurou até Santiago de Compostela.
O trecho milenar é um momento de autoconhecimento. Por isso, é necessário abdicar de algum conforto. Ninguém sabe isto melhor do que o Senhor Carlos Rios, que esperamos, um dia, encontrar numa das suas travessias.
As duas Marias.
Vamos, agora, à história da cidade que sempre nos espera: Santiago de Compostela. Apesar de estas pessoas não estarem diretamente ligadas ao Caminho, fazem parte da Capital Galega e são uma forma de relembrar o passado recente deste país.
Quem já passeou pelo Parque da Alameda da cidade viu uma estátua com duas mulheres de braço dado e vestidas a rigor com cores vistosas. São as “Duas Marias”. Irmãs tão diferentes quanto inseparáveis, nos anos 50 e 60 do século passado, eram um fenómeno social, nas ruas desta terra.
Isto porque saíam, todos os dias, pela hora de almoço. As suas vestes e a forma como interagiam com os estudantes, muitas vezes, com piropos, faziam-nas destacar-se, na multidão da sempre movimentada capital galega.
Todavia, a sua história é uma de violência. Numa época de ditadura, parte da família das Duas Irmãs era perseguida, por fazer parte de movimentos anarquistas. Para descobrir o paradeiro destas pessoas, as nossas protagonistas foram torturadas e violentadas. Para muitas pessoas, esta foi a causa que explica os comportamentos das duas irmãs que, hoje, podem passear livremente pela sua cidade, sem medos.
Santiago.
Não podíamos terminar o nosso artigo sem a pessoa que lhe deu o nome: o Apóstolo Tiago. Irmão do também apóstolo João, estes foram nomeados como filhos do trovão, graças à sua natureza impulsiva e guerreira.
Segundo algumas tradições e lendas, este seguidor de Jesus escolheu a região da Galiza, para pregar o evangelho e procurar seguidores da palavra de Cristo. Contudo, a missão não correu como esperado, tendo terminado, apenas, com 9 discípulos e poucos seguidores. Desta forma, deixou dois dos fiéis mais próximos com a responsabilidade de espalhar o cristianismo e voltou para a Judeia, onde foi morto.
Essa história podes ler aqui, em que falamos das tradições católicas que criaram o Caminho de Santiago como hoje o conhecemos.
Tu também fazes parte das personalidades do Caminho Português de Santiago.
Como viste, o Caminho também é feito de pessoas e de personalidades que nos marcam, diariamente, e que perduram na memória. Para conheceres mais, não te esqueças de te juntar ao nosso grupo no Facebook. O Caminho Português de Santiago é uma comunidade com mais de 60 mil pessoas que partilham contigo a paixão imensa pelo percurso milenar.
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