“A Caminho” com a Cristina

Quando a Cristina recusou o convite para fazer o Caminho, talvez nem imaginasse que aquele “não” era, na verdade, o início de tudo. Foi o tempo, a leitura, a escuta e uma vontade silenciosa que se foi instalando aos poucos, até que o medo foi substituído pela coragem e a dúvida pela decisão.

Neste testemunho, há natureza e superação, há frustração e descoberta, há silêncio e encontro. Mas sobretudo, há uma mulher a conquistar o seu espaço, passo a passo, num caminho que começadentro e se estende até Santiago, e para lá dele.

Lê a entrevista completa e deixa-te motivar por esta força tranquila! ✨🧲


1. O que te motivou a fazer o Caminho?
Desafiar-me. Ir além daquilo que imponho a mim própria. Escutar-me. E, sem dúvida, estar no meio da natureza!

2. Quanto tempo passou entre decidires e começares o Caminho?
Nunca quis fazer o caminho até ao dia em que uma amiga me convidou. Eu recusei. Mas a ideia foi surgindo na minha cabeça… e instalou-se. A partir de uma certa altura comecei a ler tudo o que havia. Lembro-me de receber o vosso livro em casa e de enviar uma foto a essa minha amiga. A sua resposta: “O teu caminho começou!”. Nem eu imaginava quanto. Estávamos em abril de 2024. Ainda não estava decidido, dizia eu. Não acreditava que conseguisse andar tantos km e muito menos ir sozinha. Mas a ideia não saia da cabeça. E continuava a ler. Falei com muitas pessoas que fizeram o caminho. Já acreditava que conseguia caminhar. Mas ir sozinha, nunca! A decisão ficou tomada quando marquei a data para abril de 2025… mas as dúvidas continuavam.

3. Que caminho escolheste e porquê?
Caminho Central Português – Ponte de Lima a Santiago de Compostela. Por mais medo que me desse subir a Serra da Labruja sozinha, algo me dizia que era dali que deveria partir. A natureza seduz-me muito e existem razões que desconhecemos, mas acredito ser a vida a empurrar-nos para darmos mais um passo.

4. Quantos dias demoraste?
De Ponte de Lima a Santiago de Compostela foram 9 dias que acabaram por ser em “duas grandes etapas”. Em abril, fiz de Ponte Lima a Valença. Em junho, fiz de Valença a Santiago.

5. Que etapas fizeste e quais foram as mais marcantes?
(Abril) Ponte Lima a Rubiães; Rubiães a Valença (Junho) Valença a O Porriño; O Porriño a Redondela; Redondela a Pontevedra; Pontevedra a Caldas de Reis; Caldas de Reis a Padron; Padron a Milladoiro; Milladoiro a Santiago. Todas me marcaram. Todas foram superação. Em todas dei e recebi. Existem momentos em cada uma delas que nunca vou esquecer. Cada etapa mostrava um pouco mais de mim e um pouco mais do que o mundo também é. Esperança!

6. Como te preparaste física e mentalmente para o Caminho?
Fisicamente: Desde abril de 2024, caminhei, pelo menos, um dos dias do fim de semana na Serra da Arrábida. Chuva ou Sol, lá estava. O tempo que pudesse. Às vezes fazia 1 hora outras vezes 3, 5 … Já fazia ginásio e pequenas caminhadas. Continuei. Mentalmente: Procurar entender os meus medos e culpas. Eram medos ou coisas impostas pelo o que a sociedade te diz? Faziam sentido? Deixar de andar em auto-piloto e começar a escutar-me. Falei muito sobre isso, com amigos, companheiro e filho. Ser mulher, deixar a família e ir caminhar sozinha… Gerações a desfazer preconceitos… Uma liberdade a ser conquistada todos os dias!

7. Fizeste o Caminho sozinho ou acompanhado? Se acompanhado, com quem?
Sozinha! E ADOREI! Uma das melhores decisões da minha vida! Mas nunca estamos sozinhos e essa é uma realidade. Acompanhei e fui acompanhada várias vezes. E caminhei muito sozinha, o universo encarregava-se disso sempre que eu queria / precisava e outras vezes era eu que o dizia. Existe um respeito muito grande entre todos.

8. Qual foi o momento mais desafiante?
Em abril, quando em Valença, tive de tomar a decisão de não continuar e voltar para casa. A frustação, a desilusão, a tristeza de perceber que não poderia continuar. A decisão tinha de ser tomada em prol da minha saúde e sentia-me a falhar perante mim e perante os outros. Este foi um dos momentos mais impactantes da minha vivência do Caminho de Santiago e ainda bem que aconteceu. Tornou-me mais forte e consciente de mim. Em junho, a última hora do caminho antes de chegar a Pontevedra. Naquele dia, os km pareciam intermináveis. É sempre assim, mas naquele dia, o calor, o cansaço e, por incrível que pareça, nem uma companhia que sempre nos ajuda muito a fazer os últimos km’s do dia. Essas forças tiveram de vir de mim. Valeu-me o grande prato de massa que comi assim que cheguei a Pontevedra 😀

9. Houve algo que te surpreendeu durante o caminho?
As pessoas, a comunidade! Cada um com o seu caminho, no mesmo caminho! Existe uma energia que não se explica, vive-se! O sorriso, a abertura de coração com pessoas que acabas de conhecer! O Caminho é Esperança porque nele encontramos o amor que não encontramos nas notícias e na vida fast que vivemos.


10. Qual foi a melhor refeição que tiveste no caminho?
Massa numa pizzaria em Pontevedra!!!! Muito tipico, claro! LOL Mas foi a”cenoura” que me trouxe até Pontevedra e que o universo decidiu corresponder. De tanto desejar massa, a 3 minutos de entrar em Pontevedra surge-me uma pizzaria do meu lado esquerdo. Nem queria acreditar! 😀

11. Onde encontraste a melhor estadia ao longo do percurso?
Em Pontevedra – Hostal Charino!!! O carinho, a atenção, o pequeno-almoço de peregrinos… Em Milladoiro – Albergue. Foram as noites em que dormi melhor! O descanso da Guerreira!

12. Conheceste alguém que te marcou?
Todos os que me acompanharam e acompanhei, mesmo que por minutos! Mas existem 4 pessoas que já não saem deste coração e que, tenho a certeza, que não imaginam a dimensão que tiveram neste meu caminho: em abril, a Kateryna; em junho, as irmãs Patrícia e a Isabel, e o Daniel. Foram verdadeiros portais para o meu interior e para a minha força!

13. O que não pode faltar na mochila de um peregrino?
Confiança de que nada te faltará, a energia do caminho encarrega-se de te colocar à frente o que precisas (que às vezes não é o que tu queres).

14. Como te sentiste ao chegar a Santiago?
Perdida! Perdi-me literalmente naquelas pequenas ruas até chegar à Catedral 😀 Uma chegada nada apoteótica LOL A energia dissipa-se assim que entrei na cidade e naquelas ruas movimentadas, tão distantes da tranquilidade do caminho. Mas quando me sentei no chão da Praça, a olhar para aquela catedral e par os peregrinos, a energia voltou. É incrível! Caminhei 150 km e vivi muito mais do que esses neste Caminho! Consegui!!!

15. Tens alguma música que marque o teu caminho para acrescentarmos à nossa playlist?
Ghosts – Bruce Springsteen “(…) I make my vows to those who’ve come before I turn up the volume, let the spirits be my guide Meet you brother and sister on the other side I’m alive I can feel the blood shiver in my bones I’m alive and I’m out here on my own I’m alive and I’m comin’ home Yeah I’m comin’ home” – Uma vénia a todos os que já caminharam por ali e por todos os que virão! Obrigada!

16. Se só pudesses dar uma dica às pessoas que estão a pensar fazer o caminho, qual seria?
Avança sem expetativas! Faz o caminho por ti!

17. Houve alguma aprendizagem ou mudança pessoal que tenha resultado da experiência?
O caminho ainda continua. Ele não termina no momento em que chegas a Santiago. Há tanto mais a gerir quando regressas. Ainda estou a vivenciar tudo. Mas posso dizer já: Adoro estar comigo!

18. Após completares o Caminho, sentes que a experiência correspondeu às tuas expectativas iniciais? De que maneira?
Tudo superou!

19. Participaste em alguma celebração ou evento cultural ao longo do Caminho? Como foi essa experiência?
Na missa do Peregrino. Não tive a oportunidade de assistir ao Botafumeiro 🙁

20. Se tivesses que descrever o Caminho em três palavras, quais seriam?
Encontro – Comunidade – Esperança

21. Tens planos de fazer o Caminho novamente ou explorar outras rotas?
Vou fazer mais vezes, não tenho dúvidas. Outras rotas, sozinha, companhia, mais dias… Não tenho planos, tenho várias vontades. Mas não preciso de me apressar, eles vão se definindo um pouco mais a cada passo que dou.


"A Caminho" com a Cristina

Quando a Cristina recusou o convite para fazer o Caminho, talvez nem imaginasse que aquele “não” era, na verdade, o início de tudo. Foi o tempo, a leitura, a escuta e uma vontade silenciosa que se foi instalando aos poucos, até que o medo foi substituído pela coragem e a dúvida pela decisão. Neste testemunho, há natureza e superação, há frustração e descoberta, há silêncio e encontro. Mas sobretudo, há uma mulher a conquistar o seu espaço, passo a passo, num caminho que começadentro e se estende até Santiago, e para lá dele. Lê a entrevista completa e deixa-te motivar por esta força tranquila! ✨🧲

"A Caminho" com a Dina

Quando a rotina começa a pesar e o corpo pede silêncio, a Dina escolheu ouvir. O Caminho surgiu como pausa e transformação, um regresso à simplicidade, onde a única direção é o passo seguinte e cada momento é um convite à descoberta. Entre tortilhas memoráveis, albergues improvisados e encontros surpreendentes, viveu cinco dias intensos no Caminho Inglês, guiada por coragem e pelo desejo de viver com menos… mas sentir mais. Lê a entrevista completa e deixa-te inspirar por esta experiência de mudança e renovação.

"A Caminho" com a Marta

No meio de uma fase turbulenta, a Marta escolheu parar para respirar, e nesse gesto, reencontrou-se. Em 29 dias de descoberta entre Lisboa e Santiago, foi a própria transformação que a marcou, a diferença entre quem parte e quem chega, e tudo o que acontece pelo caminho. Feito com coragem, curiosidade e um espírito incansável de aventura, o seu testemunho mostra que o Caminho é tanto um percurso físico como uma travessia interior. Lê a entrevista completa e inspira-te por esta jornada única.

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