O Caminho de Santiago tem uma longa história e, por isso, está repleto de pequenos detalhes, em cada esquina, segredos bem escondidos e, claro, curiosidades. Neste artigo, vamos contar-te 10 das mais interessantes. Continua connosco, para saberes qual é o percurso mais antigo e outros factos!
As curiosidades sobre o Caminho de Santiago não terminam. Mas, hoje, escolhemos algumas que te vão deixar com vontade de pegar nos ténis e de começar a explorar este trilho o mais rápido possível. Por exemplo:
1) O Caminho primitivo é o mais antigo de todos.
Até o nome dá uma pista sobre as suas antigas origens. O primeiro dos muitos trajetos deste trilho que começou no século IX, depois de Cristo. Percorrido por aquele que se considera ser o peregrino inicial, Afonso II, o Castro, para averiguar se os restos mortais encontrados eram mesmo do discípulo de Jesus.
Sendo lenda ou verdade, nesse local, encontra-se a capital da Galiza: Santiago de Compostela. Para saberes mais sobre a história do nosso trajeto favorito, lê aqui:
2) O primeiro guia publicado do Caminho de Santiago vem do século XII.
O Livro, “Iter pro peregrinis ad Compostellam”, faz parte de um escrito maior que versava sobre a influência de Santiago, homilias e relatos sobre os milagres do discípulo de Jesus: o Codex Calixtinus.
O quinto capítulo deste é, tal como o nome indica, uma forma de apoiar os peregrinos até à Capital Galega, com descrições, conselhos e, até, descrições dos costumes das terras pelas quais a peregrinação passava.
Apesar de as fontes oficiais não conseguirem cingir-se a um só autor, sabe-se que este foi escrito por um caminheiro do século XII. Isto porque todas as sugestões denotam um conhecimento profundo sobre o percurso.
Apesar de o original estar conservado, uma das curiosidades sobre o Caminho de Santiago está relacionada com a viagem deste documento, ao longo das últimas décadas. No dia 5 de julho de 2011, foi anunciado que este tinha sido roubado da Catedral que se encontra na Praça do Obradoiro. No entanto, em apenas 1 ano, foi encontrado numa garagem das redondezas. Tinha sido roubado por um antigo funcionário da catedral e pela sua família.
3) Nos albergues, quem caminha tem prioridade sobre outros meios de transporte.
Esta é uma curiosidade sobre o Caminho de Santiago e um aviso, ao mesmo tempo. Por uma questão de justiça temporal, já que andam sempre mais devagar do que uma bicicleta ou outro meio de transporte, as pessoas que se deslocam a pé têm prioridade, nos albergues públicos.
Por isso, se estiveres a pensar em vir de bicicleta, tens de ter atenção a este pormenor. Podes sempre chegar primeiro, no entanto, não é garantido que possas ficar num albergue à tua escolha. O mesmo acontece com outras formas de transporte, como, por exemplo, o cavalo. O que nos leva à próxima curiosidade.
4) Sim, é possível fazer o Caminho de Santiago a cavalo.
Podes já ter reparado que a tua credencial de peregrino tem algumas opções, quando te perguntam como fizeste o Caminho. Uma delas é a Cavalo!
Apesar de esta ser uma das menos comuns formas de peregrinar até à Praça do Obradoiro, com apenas 300 pessoas a fazê-lo, desta forma, todos os anos, é possível fazê-lo.
Se estiveres a pensar em ir montado neste transporte de 4 patas, tens de perceber que tanto tu como o teu parceiro equino têm de estar em forma. O trajeto é difícil para os dois, mas, se não souberes cavalgar ou se o fizeres mal, o melhor é pedir ajuda a uma agência especializada.
O companheiro de carga, tal como tu, deve levar a documentação necessária. Para além disso, tens de avisar as autoridades para entrar com o animal na cidade, com um dia de antecedência.
5) Quanto preciso de andar para receber a compostela?
A Compostela é o documento que certifica, de forma oficial, que fizeste o Caminho de Santiago. Contudo, para a conseguires, deves ter percorrido, pelo menos, 100 quilómetros a pé ou a cavalo, 150 de bicicleta ou 100 milhas marítimas de barco.
É, também, por este motivo que tantas pessoas decidem começar o caminho português entre Valença e Tui. Para comprovar as passagens, só precisas de carimbar a credencial do peregrino duas vezes por dia.
6) A aldeia de Ayegui tem uma fonte de vinho.
Nesta pequena aldeia do Caminho Francês, os monges tinham, como tradição, receber peregrinos com vinho. Estes, que chegavam cansados e fracos, aceitavam este conforto com a melhor das vontades.
Para honrar esta história partilhada, a empresa Irache criou, nos anos 90, uma fonte que, em vez de dar água, dá vinho. Esta funciona diariamente, das 8h às 20h, e tem a capacidade de partilhar 100 litros deste néctar, diariamente.
Se não puderes passar por esta aldeia, tens acesso a esta câmara de vigilância que está sempre ligada, para proteger os peregrinos e para permitir a outros verem esta interessante curiosidade sobre o caminho de Santiago.
7) A Igreja de Rates tem um papel central no Caminho Português de Santiago.
Diz a lenda que Pedro de Rates, o primeiro bispo de Braga, foi morto por tentar converter a população ao cristianismo. Também é o local do primeiro albergue, na região portuguesa, antes da abertura de todos os outros.
Convertido ao catolicismo por Santiago, na sua peregrinação, pelo que é hoje a Península Ibérica, Pedro é um dos 7 a ser ordenado pela pessoa que dá o nome ao Caminho. Ao disseminar a palavra de Jesus, foi incumbido pelo pai de uma jovem que estava doente com uma doença fatal. São Pedro consegue o milagre de a salvar, no entanto, esta converteu-se ao cristianismo. O pai, que não esperava tal desenlace, promete vingança e persegue o Bispo. Apesar de se esconder em Rates, Pedro é encontrado e assassinado. Foi sepultado, numa pequena capela da povoação, tendo sido encontrado mais tarde e trasladado para Braga.
Por isso, Rates é tão importante para o Caminho Português de Santiago. Foi, também, aqui que se construiu o primeiro Albergue, em Portugal, da era moderna. Se quiseres ficar aqui, guarda este link, para a próxima peregrinação!
8) Há 3 caminhos de Santiago Certificados em Portugal.
Apesar de existirem vários percursos de Santiago, em Portugal, apenas 3 são certificados pelo estado português: O Caminho da Costa, o Caminho Central e o Caminho Interior. Contudo, existem muitos outros como o Caminho de Torres ou o Caminho do Mar.
A certificação é um processo burocrático. Desta forma, é necessário recolher provas da sua importância histórica, sempre comprovado com fontes adequadas que por ali passam peregrinos recorrentemente.
Apesar de existirem esforços, por parte dos decisores públicos, ainda faltam alguns percursos que merecem a certificação, para serem usufruídos por um maior número de peregrinos, em segurança.
Porém, as notícias são animadoras, já que cada vez há maior abertura em novas formas de fazer turismo. Recentemente, alguns empresários levaram alguns turistas a fazer a travessia de barco, de Vila Real de Santo António até à Galiza. Sempre com o apoio da presidência da república. Lê mais sobre esta aventura, aqui!
9) Nem todos os caminhos são Património da Humanidade.
Apesar de existir um número quase infinito de Caminhos de Santiago, espalhados pelo globo, apenas 2 são Património da Humanidade. O Francês e o do Norte. Outros clássicos, como o nosso português e o inglês, ainda não foram aceites por esta organização internacional.
O primeiro a ser nomeado foi o percurso francês, por ser o mais conhecido e o mais importante, ao longo da história. Segundo a instituição da ONU, foi um importante traçado, nas trocas culturais entre a Península Ibérica e o resto da Europa. Desta parceria, nasceram cidades, desenvolveram-se negócios e criaram-se milhares de histórias.
Com o passar dos anos, graças à popularidade deste trajeto, espera-se que outros sejam, também, designados, como devem, património da humanidade.
10) Não te confundas com os dois quilómetros “0”.
Apesar de a capital galega dar nome ao percurso, não é o fim do caminho. Ou, pelo menos, não tem de ser. Isto porque Finisterra também tem um marco com o quilómetro 0.
Isto advém da tradição anterior ao próprio conceito de cristianismo e, por isso, de Caminho de Santiago. Antes, as pessoas peregrinavam até este local conhecido como, “fim do mundo”, pois acreditavam que, aqui, o dia e a noite se uniam num só ao pôr do sol.
Era neste preciso momento em que os crentes rezavam e faziam ofertas aos deuses nos quais acreditavam.
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