10 símbolos do Caminho de Santiago.

O Caminho de Santiago, tal como uma nação, tem os seus símbolos. No entanto, em vez de bandeiras e hinos, tem cumprimentos que permitem identificar quem são os peregrinos, setas e muito mais!

Hoje, trazemos 10 símbolos do Caminho de Santiago. Estas representações físicas, nas quais nos reconhecemos de imediato, são tão simples como as pedras em cima umas das outras por toda a travessia até às setas amarelas que, agora, já são tão conhecidas como a Vieira.

Assim, escrevemos este artigo, para conheceres melhor estas imagens, sons e documentos: de onde vêm e o seu porquê. Boa Leitura!


1) Bom Caminho, Ultreia e Suseia.

Tal como o hino nacional, também os sons e as palavras que compõem o Caminho são símbolos desta travessia. Sempre que nos deparamos com um peregrino, em Portugal, somos agraciados com um simpático Bom Caminho, ou Buen Camino, se forem estrangeiros. Quem fala português percebe, rapidamente, o que significa. No entanto, pode ser confuso para primeiros caminheiros sem experiência- tal como relata o autor peregrino  Agostinho Leal, no seu livro: Memórias de um peregrino nos Caminhos de Santiago de Compostela. 

“(…) resolvi sentar-me para descansar um pouco, nuns bancos de pedra que ali havia. Nesse momento, passou um casal de estrangeiros de peregrinos que me saudou:

Buen camino!

Eu ainda desconhecia a saudação, mas senti a intenção amistosa. Pensando tratar-se de espanhóis, respondi com a mesma simpatia: 

-Não é mau de todo, o problema é o trânsito. Mas vai melhorar, quando sairmos da área urbana.”

Já Ultreia e Suseia têm origens religiosas. São uma afirmação seguida de uma resposta. Alguém nos diz Ultreia, respondemos Suseia. Mas porquê? Fazia parte da tradição do nosso percurso favorito os peregrinos irem cantando uma parte de um livro chamado Codex Calixtinus. Ambas têm significados diferentes. A primeira, Ultreia, quer dizer, em Latim, “mais longe”. Já a segunda é “mais alto”. Apesar de já não serem tão utilizadas, hoje, agora, quando alguém te cumprimentar com estas palavras, já sabes o que responder.

Ultreia et Suseia!  

2) Setas amarelas.

As origens das setas amarelas, ao contrário da maioria dos símbolos aqui relatados, são recentes. Tudo começa com a investigação do Padre Elias Valinã, um historiador do Caminho de Santiago que escreveu uma tese sobre o assunto.

Como entusiasta do tema e percebendo que os peregrinos se perdiam, diversas vezes, ao fazer o percurso, decidiu traçar a ida até à capital da Galiza com, já adivinhaste, as setas amarelas. Agora, apesar de terem uma história interessante, a razão da cor não é só um acaso. Primeiro, o amarelo é um tom que se realça com facilidade. Segundo, era já aquela a cor usada para marcar trajetos, no território. Reza a lenda que o padre pediu tinta usada a trabalhadores de obras e, para não destoar, manteve sempre a mesma cor.

Este pioneiro do caminho não foi só um encarregado pela sinalização, mas, também, responsável pela criação de associações de grupos para reviver o espírito do Caminho que, naqueles anos, estava esquecido. Se quiseres saber mais sobre este assunto, podes visitar a terra O Cebreiro, já que o padre está lá sepultado.

3) Marcadores de pedra.

São os nossos conta-quilómetros pelo percurso. Construídos de pedra ou cimento, estão sempre decorados com a distância que falta para chegar à capital galega e uma seta a apontar a direção. São dos símbolos favoritos dos peregrinos, e não faltam fotografias na internet para o demonstrar.  

4) A concha e a Vieira. 

A concha é o grande símbolo do Caminho. Numa época antiga, era com ela que se provava a ida de um peregrino a Santiago de Compostela.  Eram os padres da cidade do apóstolo de Jesus que a davam como recompensa pela travessia completada. 

Também está intimamente ligada à história religiosa do caminho, como podes ler aqui. 


5) A cruz de Santiago.

Esta é uma Cruz Latina e tem ligações diretas à história de vida de Santiago. Com a sua figura de espada, pode significar uma trindade de representações. Primeiro, a forma como Santiago foi morto. Decapitado com uma lâmina. Segundo, a tomada da espada em nome de Cristo,  como nas cruzadas. E, até, o carácter de Santiago. 

6) O cajado.

Hoje, substituído por bastões, era a forma que os peregrinos tinham de tornar a sua passagem o mais confortável possível. No entanto, ao invés de serem comprados na loja de desporto mais à mão, eram feitos a partir de galhos, paus de árvores e outras madeiras que se encontravam pelo trajeto. Mas não servia só de apoio, sendo, também, uma forma de proteção contra animais ou mesmo pessoas indesejáveis. 

7) O Botafumeiro.

O Botafumeiro é capaz de ser o maior incensário do mundo, ao pesar 53 quilogramas e com 1, 5 metros de altura. Um dos mais queridos símbolos de todo o percurso, pois, para além da sua beleza natural, foi criado, especialmente para os peregrinos. E, aqui, tinha duas funções: um purificador para quem completava o caminho; também, uma outra explicação, mais prática para este distribuidor de cheiros, é que funcionava como um spray para “limpar” o cheiro a suor das pessoas que tinham acabado de fazer uma caminhada de um mês. 

8) A Compostela.

A concha, apesar de ser a primeira forma de comprovar a peregrinação, rapidamente se percebeu que podia ser fácil de falsificar, chegando mesmo a existir um momento em que as mesmas eram vendidas à porta da cidade. Para acabar com esta situação, o papa começou a escrever cartas probatórias. A génese da Compostela.  Hoje, esta pode ser recolhida, à chegada a Santiago, na Oficina do Peregrino. 

9) A credencial do peregrino.

Esta credencial, que pode ser pedida em catedrais, albergues e associações de peregrinos, é o que comprova que estamos a fazer o Caminho de Santiago. Sem ela, não entramos nos albergues, não temos direito a menus de peregrinos nem à Compostela, lá está. 

Para isto é preciso  2 carimbos por dia. Parece muito, mas não é, já que todas as igrejas o têm (ou quase todas), muitos cafés também e, principalmente, os albergues. Basta mostrar que dormimos num sítio, rezamos noutro, e está feito.

10) O ano de jacobeu.

Este ano tem início em 1121, ano em que o papa deu à igreja de Santiago a capacidade de conceber perdão total aos peregrinos que visitaram o túmulo de Santiago, nos anos em que o 25 de julho calha-se num domingo. Com 14 ocorrências em cada século, este é um evento raro. Mas porquê 25 de julho? Foi a data em que o apóstolo que dá nome ao Caminho foi decapitado, em Jerusalém.

10 símbolos do Caminho de Santiago.

Estes são apenas alguns dos símbolos mais conhecidos do caminho de Santiago, existindo muitos outros. Quais são os teus favoritos? 


"A Caminho" com a Sónia

Há caminhos que se percorrem com os pés, e outros que se fazem com o coração. Para Sónia, o Caminho de Santiago foi ambos uma jornada física e espiritual, iniciada com a urgência de se reencontrar consigo mesma. Sozinha, mas profundamente acompanhada pelas suas emoções, enfrentou silêncios, sombras e paisagens que a ensinaram que a felicidade pode ser simples, e que o amor é sempre a resposta. Nesta entrevista, partilha como cinco dias de peregrinação se tornaram num regresso à sua essência.

"A Caminho" com a Bruna

Nem sempre a motivação para partir vem de um único lugar. Para Bruna, o Caminho foi um gesto de gratidão, um desafio pessoal e uma oportunidade de reencontro consigo mesma. Sozinha, mas aberta ao mundo, percorreu trilhos entre natureza e silêncio, descobrindo que cada passo tem o poder de curar, transformar e revelar. Nesta entrevista, Bruna partilha como o Caminho a ensinou a confiar, a observar com calma e a seguir em frente, um passo de cada vez. Porque, como diz, quando se quer muito, o corpo acompanha e a mente floresce. Lê a entrevista completa ⬇️

"A Caminho" com o Filipe

Há quem descubra o Caminho por livros, outros por histórias ou documentários. O Filipe descobriu-o ao vivo, nas férias em Moledo, ao ver peregrinos passarem com o olhar focado e a mochila às costas. A curiosidade transformou-se em vontade, e a vontade num primeiro passo. O que começou como uma caminhada junto ao mar tornou-se num ritual de liberdade, comunhão e descoberta pessoal. Entre quedas inesperadas, encontros marcantes e almoços triunfais, Filipe aprendeu que o Caminho não se faz só com os pés, faz-se com o coração aberto. E é isso que partilha nesta entrevista.

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