Descobre como fazer a deslumbrante Senda Litoral Portuguesa em 12 dias

Peregrinar com a companhia permanente do oceano é um privilégio de quem faz o Caminho Português da Costa, pela Senda Litoral. Por ser uma variação moderna do mais conhecido Caminho Central, começa no Porto e demora, apenas, 12 dias a completar. No entanto, como todos os trilhos milenares, este está recheado de curvas e contracurvas. Vem saber mais sobre esta travessia deslumbrante, neste artigo!

A pilgrim walks the Portuguese Camino de Santiago along the coast with a large backpack

O que é o Caminho Português da Costa pela Senda Litoral? 

Com uma distância de 280 quilómetros, podes fazer o Caminho Português da Costa pela Senda Litoral, em 12 dias. Apesar da travessia à beira-mar ter sido certificada pelo Estado, esta que aqui referimos é uma variação moderna da aventura portuguesa. Devido a sua crescente popularidade, tem recebido investimentos e incentivos para melhorar a experiência dos peregrinos, tornando este trajeto um dos mais interessantes a palmilhar, em Portugal. 

A versão lusitana era um percurso importantes da travessia, na época medieval. Contudo, um dos comentários que já ouvimos, enquanto percorríamos o caudal entre Caminha e A Guarda, foi: “Este é que é o verdadeiro Caminho!”. A verdade move-se por areias movediças, nesta variante moderna, no entanto, esta é, também, uma forma de demonstrar o orgulho das povoações junto ao mar do “seu” trajeto. 

O nosso trecho, junto ao Atlântico, começa no Porto, sempre na Sé, e passa por Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo e Caminha, sendo que aqui divide-se, finalmente, em dois.

Por isso, se ainda não sabias, a partir de Caminha, podes escolher apanhar o barco para A Guarda ou continuar em Portugal até Valença, unindo-te mais cedo com o Caminho Central. Se queres continuar pela Costa da Galiza, continua a ler!

Cuidados a ter no Caminho Português da Costa 

Podes fazer o Caminho Português da Costa em 12 dias, mas tens de ter em atenção algumas situações. Este, por ser tão próximo da praia, vai-te obrigar a levar o chapéu, a água e, mais importante, o protetor solar. 

Isto porque o areal reflete a luz e, mesmo que não pareça, tornas-te mais suscetível a escaldões. Outra questão é a de caminhar sobre a areia. Durante muitas horas, vais estar lado a lado com a praia. Desta forma, mesmo que estejas nos passadiços, nos dias mais ventosos, o ar vai levar areia para estes, criando dificuldades no terreno.

Vai até parecer que estás a atravessar uma montanha íngreme!  Por isso, prepara-te. Talvez, treinar na praia mais próxima de casa não seja mal pensado, durante a preparação física. Se quiseres saber mais sobre este tema, podes ler o nosso artigo

Além disso, apesar dos investimentos dos últimos anos, o Caminho Português da Costa tem menos infraestrutura, quando comparado ao Central. Nos meses mais baixos, como maio, setembro ou outubro, isto pode não ser um problema, pois há espaço para todos os peregrinos. No entanto, no verão, há a possibilidade de sentires o trilho milenar um pouco “cheio”.

Se for o caso, o melhor é prevenires, planeando bem todas as etapas e fazeres as marcações nos albergues o quanto antes. Podes usar o nosso website, para conhecer os melhores locais. 

Por enquanto, continua neste artigo para uma descrição de cada um dos 12 dias que demoras a fazer o percurso atlântico. 

Etapas para fazer o Caminho Português da Costa pela Senda Litoral.

Dia 1) Porto-Vila Chã.

A primeira etapa na costa começa no Porto e termina na pequena povoação piscatória de Vila Chã. A partir da Sé da cidade invicta, deslizas até às margens do rio Douro e por lá segues o seu azul que será o guia de eleição para esta travessia prestes a começar.

O caminho é plano e, de todos os dias, é o mais simples, para começares o caminho, sem grandes dificuldades. Deves ter atenção à proximidade do mar e reforçar a utilização de protetor solar.

Dia 2) Vila Chã – Póvoa de Varzim

Esta é a etapa mais curta deste trajeto e por um bom motivo. Nos próximos dias, as caminhadas vão ser longas e, por isso, é preciso ir descansando os pés, quando tiveres essa oportunidade. Para além do mais, vais passar por Vila do Conde, uma das mais pitorescas povoações de Portugal.

O trajeto até aqui é feito, na sua grande maioria, por passadiços. O vento é o atributo mais complicado, para quem faz este percurso. Desliza até à Póvoa e aproveita a noite para descansar e para passear nesta cidade.

Dia 3) Póvoa do Varzim – Marinhas 

Na etapa Póvoa do Varzim – Marinhas, vais cosido ao mar, saindo da Póvoa de Varzim e assim continuarás grande parte do percurso. Novamente, tens de ter muita atenção ao vento e à proximidade ao mar, já que facilita o aparecimento dos “escaldões”.

Tens, também, nesta etapa, momentos icónicos do Caminho de Santiago da Costa, como os fotogénicos moinhos de Apúlia, que merecem um momento para serem observados. 

Dia 4) Marinhas – Viana do Castelo 

A etapa Marinhas – Viana do Castelo afasta-te do mar, em direção às montanhas sagradas do trajeto milenar. Apesar de não serem difíceis, algumas subidas após a Igreja de Santiago de Castelo de Neiva podem fazer os teus gémeos queixar-se um pouco, ao fim do dia, mas nada de outro mundo.

Quando tiveres saudades do passeio ao largo do mar, basta olhares em redor. Lá, do topo, vês uma nesga do maravilhoso Oceano Atlântico, que chama por todos os peregrinos, nesta fase da rota. Contudo, aproveita bem esta viagem pelo interior do verde profundo da natureza. Há segredos peregrinos em cada edifício. 

À chegada a Viana do Castelo, ultrapassa a ponte e segue em direção à cidade. Se quiseres descansar, durante 1 dia, tens monumentos para te deliciares como o Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa ou, se ainda tiveres força, subir os 659 degraus do escadório de Santa Luzia e visitar a Confraria do mesmo nome. 

Dia 5) Viana Do Castelo – Caminha 

Esta é das etapas mais longas dos próximos dias e, até chegares a Vila Praia de Âncora, é sempre a subir. Aqui, vais ver pequenas aldeias portuguesas com um charme único e irresistível para os apaixonados por este canto à beira-mar plantada.

A chegada a Vila Praia de Âncora é feita na descida e leva-te a aproximar do mar, mais uma vez. Aqui, após alguns quilómetros, temos um dos momentos mais belos de todo o nosso percurso. Depois de um encontro com a Capela de Santo Isidoro, vais sempre encostado ao oceano, rente aos pedregulhos de outros tempos, a observar as montanhas majestosas que irás atravessar, daí a momentos. Caminha, depois, é um pequeno segredo mal guardado para os caminhantes, já que tem tudo o que precisas para uma noite descansada. É caso para dizer, caminha para os caminheiros.

Dia 6) Caminha – Porto Mougás 

A etapa Caminha – Porto Mougás é uma aventura deslumbrante do princípio ao fim. Começa de maneira diferente, já que tens de apanhar um barco até à Galiza. Se fores distraído, basta perguntares às pessoas dos albergues, ou onde ficares hospedado, para te dizerem o número ou mesmo fazerem a marcação do barco (que leva até 4 pessoas).

Depois disso, entras em Espanha. Se, até aqui, a viagem tinha sido feita à base de improviso puro, escolhendo, diariamente, qual a rota mais apetecível, agora, é certa e reta.

Apesar de a beleza das cidades e da natureza conjugadas com o mar, tens longos períodos junto a estradas, que te podem deixar inseguro, durante a passada.

Dia 7) Porto Mougás – Saians 

A etapa Porto Mougás – Saiáns é uma aventura por descobrir. Ao começares na pequena povoação, segues por uma estrada pouco movimentada, até chegares a uma subida por terra batida. Aqui, avança a aventura pelo dia.

A partir daqui, vai ser sempre a subir, onde verás uma das vistas mais deslumbrantes da carreira até ao momento e seguirás por Baiona. Esta cidade piscatória, local em que muitas pessoas permanecem, é um ótimo lugar para descansar e ver a povoação local.

Daqui, podes escolher que rota tomar. Se vais a ver o mar, encostado às praias, ou se segues por dentro. Saiáns é uma excelente opção para terminar o dia, já que as pessoas deste bairro são dinâmicas e têm frequentes eventos em que todos os peregrinos são bem-vindos.

Dia 8) Saians – Redondela

A etapa Saiáns – Redondela é a última etapa, antes da unificação do caminho com o Caminho Central Português. Apesar de ser longa e extenuante, és cativada por belíssimas cidades e monumentos.
Vigo, mesmo sendo a maior cidade da Galiza, deixa-te confortável, nesta região, principalmente, para os peregrinos que têm saudades do ambiente da metrópole. No entanto, não é para todas as pessoas.

A saída da cidade portuária é um regresso às origens do Caminho, com muitos espaços verdes à mistura e o maravilhoso bairro de Teis, com uma ligação emocional diretamente do coração da montanha.

A chegada a Redondela faz-se naquela que, para muitos, é das mais belas paisagens do caminho.

Dia 9) Redondela – Pontevedra 

A etapa Redondela – Pontevedra, depois da grande caminhada do dia anterior, é um refrescante passeio, com o melhor que o percurso tem para oferecer. Logo à saída da povoação, há trilhos que te guiam por pequenas aldeias e por bosques galegos. A paisagem mantém-se calma, até chegares a Arcade, uma zona de passagem para muitos caminheiros que ficam maravilhados com a imponente Ponte Sampaio. Este local, em que cada recanto conta a história da Galiza e de Santiago, é daqueles tesouros escondidos à frente dos nossos pés, esquecido entre duas das principais cidades do percurso. No entanto, se estiveres cansado ou, apenas, com vontade de petiscar algo, fica a saber que aqui se diz comer as melhores ostras de toda a Ibéria. Para apreciadores de marisco, isso não é pouco.

A partir daqui, o Caminho adensa-se. Entrando num trajeto florestal, vais subindo, até chegar aos 147 metros de altitude. O que se ganha em beleza natural, perde-se em calorias.

Em Pontevedra, chegas a uma das mais icónicas cidades do percurso português. Não percas a oportunidade de conhecer os vários monumentos que aqui estão e as igrejas milenares instauradas no centro de uma cidade sem carros.

Dia 10) Pontevedra-Caldas de Reis 

A etapa Pontevedra – Caldas de Reis é uma jornada agradável, sem grandes dificuldades. Após a despedida pela Ponte do Burgo, a travessia torna-se simples, sem elevações de registo e com uma excelente colheita de igrejas e de outros monumentos religiosos.
As videiras circundam as casas e acompanham-te ao longo do percurso que, pela sua humildade, te dá tempo e vontade de aproveitar cada passo. Antes do reencontro com a estrada N-550, tens uma zona de cascatas. É um pequeno desvio que vale o tempo. 
Depois, rapidamente, estás em Caldas de Reis. És cumprimentado por uma povoação suave e por um centro de vila em que apetece descansar e ponderar o Caminho até aqui percorrido. 

Dia 11) Caldas de Reis – Padron 

A etapa Caldas de Reis – Padrón é, para muitos, uma das mais belas de todo o Caminho de Santiago. Nestes últimos momentos de peregrinação, é normal veres cada  vez mais pessoas pelos trajetos, mais acomodações e, principalmente, mais comércio nas estradas que te levam até à capital galega.
Com uma pequena subida, esta jornada não apresenta dificuldades de maior. Até as pessoas da região caminham nestas estradas, como exercício para toda a família.
Quando dás por ti, estás no meio da floresta espanhola, com antigas estradas romanas, para entrares no espírito dos primeiros peregrinos. Como culminar, Padrón parece uma réplica de cidade do antigo império de César Augusto, com os seus tons castanhos e arquitetura díspar da restante região. É tempo de sentar e pedir os pimentos que herdam o nome da cidade – Padrón.

Dia 12) Padrón-Santiago de Compostela 

A etapa Padrón – Santiago de Compostela é o regresso aos trilhos urbanos desenhados a pensar em carros. Após a cidade romana, começas a trilhar caminho pelo último bosque que vais encontrar. O restante percurso é feito de volta à estrada que te foi acompanhando ao longo do tempo: a N-550.

A travessia faz-se num espaço de transformação social, entre aldeias e cidades modernas, como O Milladoiro.

A chegada à tão desejada capital é um turbilhão de emoções e sentimentos, feita sempre na companhia de peregrinos, visitantes e habitantes da capital galega. Ao seguir uma linha reta, és cumprimentado pela Capela, pela praça Obradoiro e pelo final da aventura.

É tempo de colher os frutos da caminhada, descansar e começar a planear a próxima.

Assim, podes fazer o Caminho Português da Costa pela Senda Litoral em 12 dias

A travessia pela costa, seja a senda litoral ou o tradicional, é de uma beleza imensa e de um prazer vagaroso em cada passo. Queremos, agora, saber a tua experiência! Já fizeste este caminho? Estás a pensar fazer? Conta-nos tudo! 

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