“A Caminho” com o Nuno.

Hoje, para algo totalmente diferente, trazemos um peregrino português que fez o Caminho de Santiago Francês. De lá saiu com uma ideia, uma nova família e o título de “primeira pessoa da Amadora a percorrer o Caminho de Santiago de Sandálias.

Conhece o Nuno, as suas histórias e os seus conselhos, nesta entrevista imperdível.

Por que fizeste o caminho de Santiago?
Nuno: Pela aventura, por me superar e por ter decidido fazê-lo sozinho. Tenho também outro motivo, mais profissional, que é desenvolver um programa de formação em liderança baseado no caminho. Vai ser lançado em 2023.

No youtube tenho um canal de ajuda aos peregrinos com VLOGs etapa a etapa 🙂 Para o caminho francês levei um Drone, uma GoPro e um Gimball.

Deixo o link do canal: https://www.youtube.com/channel/UCgcnrmHyPf81WD-B4C1-r6w

Deixo o link dos melhores momentos do caminho francês (se eu fosse vocês via (com música)… foi feito com o coração :)) : https://youtu.be/-7raJBMD6zk

Quantos dias demoraste e que etapas fizeste? 

Nuno: 32 dias.

30 de Maio: Saint-Jean-Pied-de-Port – Roncesvalles

31 de Maio: Roncesvalles –  Urdániz

01 de Junho: Urdániz – Pamplona

02 de Junho: Pamplona – Puente de la Reina

03 de Junho: Puente de la Reina – Estella

04 de Junho: Estella – Los Arcos

05 de Junho: Los Arcos – Logroño

06 de Junho: Logroño – Nájera

07 de Junho: Nájera – Santo Domingo de la Calzada

08 de Junho: Santo Domingo de la Calzada – Belorado

09 de Junho: Belorado – Santovenia de Oca

10 de Junho: Santovenia de Oca – Burgos

11 de Junho: Burgos – Hornillos del Camino

12 de Junho: Hornillos del Camino – Castrojériz

13 de Junho: Castrojériz – Frómista

14 de Junho: Frómista – Calzadilla de la Cueza

15 de Junho: Calzadilla de la Cueza – Sahágun

16 de Junho: Sahágun – El Burgo Ranero

17 de Junho: El Burgo Ranero – Mansilla de las Mulas

18 de Junho: Mansilla de las Mulas – Léon

19 de Junho: Léon – Hospital de Órbigo

20 de Junho: Hospital de Órbigo – Astorga

21 de Junho: Astorga – Foncebadón

22 de Junho: Foncebadón – Ponferrada

23 de Junho: Ponferrada – Trabadelo

24 de Junho: Trabadelo – Cebreiro

25 de Junho: Cebreiro – Fillobal

26 de Junho: Fillobal – Sarria

27 de Junho: Sarria – Portomarín

28 de Junho: Portomarín – Palas de Reis

29 de Junho: Palas de Reis – Arzúa

30 de Junho: Arzúa – Santiago

Como te preparaste fisicamente para o caminho?
Nuno: Comecei a minha preparação em Novembro. Entre Novembro e Maio fiz cerca de 400km em treinos, já com os ténis que ia usar durante o caminho. No entanto, cometi um erro enorme, nunca treinei com peso nas costas e a realidade é que muda tudo. Ao fim de três dias estava com bolhas críticas na parte interior do pé junto ao tornozelo, devido ao peso da mochila.

O que te deixou mais surpreendido no trajeto?
Nuno: As pessoas. O caminho é lindo, o caminho é felicidade, mas a magia do caminho é feita pelas pessoas com quem te encontras todos os dias. Passam a fazer parte de ti, passas a sentir a sua falta. Parti sozinho, mas encontrei uma família pelo caminho!

Qual foi o momento mais difícil?
Nuno:

Destaco 3 momentos muito difíceis por três razões distintas:

  • Primeiro: Estive para desistir em Pamplona, no dia 3. Não conseguia andar por causa das bolhas. Por obra divina e seguindo o meu planeamento, fui ao supermercado… e ao sair olho para a esquerda e vi uma loja de desporto. Essa loja salvou o meu caminho, pois foi lá que comprei as minhas inseparáveis sandálias que utilizei o resto do caminho. Esse dia foi extremamente complicado porque a loja só abria às 10h e só comecei a andar pelas 11h. Um calor infernal e tive de subir ao Alto de Perdón com sandálias novas. Mas fico com o título de primeira pessoa da Amadora a percorrer o Caminho de Santiago de Sandálias.
  • Segundo: Em Burgos, muitas das pessoas que conheces terminam o seu caminho ou saltam etapas. É a última vez que as vês. Tive de me despedir de uma pessoa em particular muito especial, foi o primeiro murro no estômago do caminho;
  • Terceiro: Em Santiago, no momento do regresso, a despedida dos “teus” daqueles que chegaram contigo a Santiago e o sentimento de que a probabilidade de voltares a repetir aquele momento com aquelas pessoas é quase igual à de ganhares o Euromilhões.

O que não pode faltar na mala de um peregrino? 
Nuno: Na mala mental de um peregrino não pode faltar abertura aos outros e resiliência. Lembrem-se que no dia-a-dia o vosso exterior muda todos os dias, mas o vosso interior permanece igual. No caminho é o inverso, o vosso exterior não muda (a não ser que levem 20 mudas de roupa) e o vosso interior muda a cada hora. Permitam-se a essa mudança. Na mala física de um peregrino não pode faltar, sem dúvida alguma, Compeed!

Se só pudesses dar uma dica às pessoas que estão a pensar fazer o caminho, qual seria? 
Nuno: Já fiz o Caminho Português e o Francês. Façam uma vez na vida o caminho francês completo e façam-no sozinhos.

Qual foi a tua reação quando chegaste a Santiago? 
Nuno: Arrepios, orgulho, alegria, tristeza – por esta ordem

Tiveste muitas bolhas nos pés, ou nem te lembraste que existiam?
Nuno: Primeira semana do caminho, não tinha pés… tinha bolhas. E volto a frisar que fiz um treino de 400km com os ténis antes de partir para o caminho. Agora sou fã de sandálias #sandaliasteam #mynameismoises #candidatoamártir

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